sexta-feira, 30 de março de 2012

Tendências em Odontologia Estética Entrevista: RAFAEL CALIXTO






A odontologia estética tem sido cada vez mais requisitada pelos profissinais e pacientes, especialmente no que se refere às restaurações cerâmicas minimamente invasivas. Nesse contexto, o Dr. Rafael Calixto tem se destacado, com enorme competência, ministrando cursos nacionais e internacionais sobre o tema. Além de ser um clínico de excelência, ainda se destaca na área acadêmica, com a publicação de artigos clínicos e científicos, com enfoque odontologia estética.


Dr. Rafael Calixto
- Especialista, Mestre e Doutorando em Dentística Estética - UNESP Araraquara-SP;
- Professor dos Cursos de Especialização e Aperfeiçoamento em Dentística da AORP Ribeirão Preto/SP, UNESP Araraquara/SP e ABCD Campo Grande/MS
- Coordenador dos Cursos de Aperfeiçoamento em Estética Integrada do ANEO - Ribeirão Preto/SP, Arte e Estética com Resinas - APCD São Carlos/SP e Especialização em Dentística - ABO-Alagoas
- Professor Convidado do Curso de Especialização em Dentística da ABO-Rio Grande do Norte
- Ministrador de Cursos em Congressos no Brasil e Améria-Latina
- Clínica Particular em Ribeirão Preto / SP

1-      Para você, qual a grande tendência de odontologia estética hoje?


A Odontologia Estética tem evoluído muito nos últimos anos com o aperfeiçoamento de materiais e técnicas para o restabelecimento do sorriso. Esse crescimento vem acompanhando a exigência cada vez maior dos pacientes em relação ao resultado estético do seu tratamento, devido aos meios de comunicação como TV e internet, os quais oferecem "sorrisos perfeitos.” Com isso, acredito que a grande tendência da odontologia estética não é o surgimento e/ou desenvolvimento de novos materiais restauradores – diretos ou indiretos – mas sim o aprimoramento das técnicas e um planejamento personalizado para cada paciente, como exemplo o DSD (Digital Smile Design), no qual é possível fazer um planejamento virtual do tratamento, de acordo com suas características individuais, e reproduzí-lo posteriormente em boca.

2-      Em relação à odontologia minimamente invasiva para restaurações cerâmicas, tem-se falado muito nos microlaminados cerâmicos (“lentes de contato”) e fragmentos cerâmicos. Gostaria que você comentasse sobre indicações, vantagens e desvantagens em relação às restaurações convencionais com cerâmica.


Os preparos para restaurações indiretas estão cada vez mais conservadores, seguindo uma nova filosofia de máxima conservação da estrutura dental, através de uma técnica de preparos orientados por um guia de silicone, confeccionado a partir de um enceramento diagnóstico. Esse mínimo desgaste se deve a possibilidade de confeccionar facetas cerâmicas extremamente finas, chegando até a 0,2-0,3 mm de espessura, que são conhecidas como lentes de contato. São trabalhos indicados para correção de forma dental, pequenos realinhamentos ou fechamento de diastemas. Quando as cerâmicas são confeccionadas apenas para uma parte proximal ou incisal do dente, são chamadas de fragmentos cerâmicos. Apesar da vantagem de conservar a estrutura dental, essas peças são muito delicadas antes da cimentação, a qual deve ser feita com muito cuidado, e obrigatoriamente de forma adesiva.

3-      Qual a parcela que o ceramista tem no sucesso desse tipo de restauração?


As lentes de contato são extremamente difíceis de serem confeccionadas em laboratório, e exige um equipamento e técnica adequados. Um bom ceramista é essencial para um sucesso nesse tipo de procedimento. Aliás, em qualquer procedimento indireto, o correto planejamento e a comunicação clínico-laboratorial está diretamente relacionada ao sucesso do tratamento.  

4-      Qual o melhor protocolo de cimentação para as “lentes de contato” e fragmentos cerâmicos? Existe algum que consiga de maneira efetiva controlar os efeitos de friabilidade da cerâmica e garantindo uma longevidade clínica satisfatória?


O Protocolo para lentes de contato e fragmentos é os mesmo utilizado em facetas laminadas. Deve-se fazer um tratamento da peça com ácido fluorídrico, silano e adesivo, e o tratamento convencional para o dente (ácido + sistema adesivo). Utilizam-se cimentos exclusivamente fotopolimerizáveis na cor transparente. A diferença está nos cuidados com a peça antes de cimentar, evitando-se pressões muito fortes no momento da inserção, manipular as peças com “sticks”, e para os casos de fragmentos, fazer um acabamento com borrachas de cerâmica para mascarar a linha de cimentação.

5-      No caso dos fragmentos cerâmicos, este pode ser indicado para pacientes com disfunções oclusais e da ATM?


Sim, é possível realizar. Porém, assim como qualquer outro tratamento restaurador, deve-se tratar as causas e controlar consequências desse distúrbio (como a utilização de placas noturnas).

6-      Para você, qual o futuro das restaurações cerâmicas?


Como já citado anteriormente, acredito que o futuro das restaurações cerâmicas não está no desenvolvimento de novas formulações, composições ou outras cores. A evolução que já esta acontecendo hoje está no planejamento individual, na evolução das técnicas, nos preparos de invasão mínima, em ceramistas cada vez mais habilidosos realizando trabalhos de biomimetismo da estrutura dental, trabalhos extremamente naturais, que praticamente “somem” do sorriso do paciente. O Brasil tem os melhores ceramistas do mundo! E isso, associado a um profissional competente, atualizado, só gera benefícios aos nossos pacientes!!!


Entrevista realizada por Eduardo Souza Junior

segunda-feira, 19 de março de 2012

Pinos de fibra anatômicos - reembasamento com resina composta

                                          Em casos onde o conduto radicular estiver mais largo que o pino que o dentista possuir, para não formar uma espessa linha de cimentação, deve-se reembasar com resina composta.

                                         Após seleção do pino, faz-se o condicionamento ácido somente para limpeza.

                                          Segue-se então a aplicação de silano por 1 minuto.

                                         Aplicação do adesivo com a correta fotoativação.
                                         Aplicação de resina, sem polimerizar, sobre a superfície do pino tratado. Essa resina não polimerizada irá modelar o conduto radicular preparado. Este conduto deve ser isolado com gel isolante que possa ser removido pela água (hidrossolúveis), como KY, Ollagel, etc.

                                        Insere-se o conjunto no conduto radicular para a modelagem.

                                         Faz-se uma pré-fotoativação por 5s.

                                         Aspecto inicial do pino anatômico com a correta modelagem do conduto radicular.

                                          Faz-se a fotoativação por 40s em cada lado do conjunto pino/resina.

                                          Após novo condicionamento ácido somente para limpeza, aplica-se o sistema adesivo.

                                          Nova fotoativação do adesivo, agora sobre o pino anatômico.

                                          Cimentação do pino anatômico. Dá-se preferência a cimentos resinosos químicos, já que a luz dificilmente conseguirá uma uniformidade de polimerização com cimentos duais.

                                          Restauração finalizada.




segunda-feira, 12 de março de 2012

Adesivos "multi-modo": simplificação necessária?

Como se sabe, existem duas técnicas de aplicação dos sistemas adesivos: técnica convencional (condicionamento ácido prévio) e técnica autocondicionante (sem necessidade do condicionamento ácido prévio). Cada técnica tem seus prós e contras. Para a técnica condicional, há uma excelente união em esmalte, porém a união em dentina, especialmente utilizando os sistemas simplificados, não tem uma qualidade na durabilidade da união, já que fibras colágenas desmineralizadas permanecem não-infiltradas pelos monômeros dos adesivos. Já para os adesivos autocondicionantes, possuem uma melhorada união em dentina, já que a faixe de dentina desmineralizada sem infiltração do adesivo é mínima, porém não proporcionam uma correta desmineralização em esmalte e a união nesse substrato fica dependente de um condicionamento seletivo adicional. Uma nova geração de adesivos foi lançada: adesivos "multi-modo". Esses adesivos são indicados pelos fabricantes para uso tanto pela técnica convencional, quanto pela autocondicionante. A empresa pioneira nesse tipo de adesivo é a 3M Espe, com o adesivo chamado Scotchbond Universal. Este adesivo ainda não foi lançado no Brasil, porém com previsão de chegada para junho/julho de 2012. Devido à quebra da patente do monômero do Clearfil SE Bond (Kuraray), o MDP, este foi incorporado ao adesivo Scotchbond Universal e o fabricante sugere que este pode ser utilizado tanto com o condicionamento ácido prévio da dentina, quanto sem condicionamento algum, funcionando como autocondicionante. Para o clínico, isso é um ganho importante, já que não há a necessidade de se possuir 2 tipos de adesivo no consultório e, a depender do planejamento do caso, com um único adesivo o profissional pode escolher pela técnica mais conveniente para cada caso. No entanto ainda há necessidade de comprovação científica da durabilidade desses adesivos aplicados das duas maneiras: convencional e autocondicionante. No congresso AADR (American Academy of Dental Research), que ocorre esse ano (2012) na Flórida, EUA, haverá algumas apresentações de trabalhos, especialmente os chefiados pelo prof. Jorge Perdigão. Vale a pena ler os abstracts sobre esses adesivos, já que apresentam resultados interessantes. Para isso, acessem a página do AADR (http://iadr.confex.com/iadr/2012tampa/webprogram/) e procurem pelos trabalhos. Porém, ainda não há estudos in vivo de acompanhamento, para efetivar o uso "multi-modo" desses adesivos e nenhum estudo publicado em revistas de impacto. Será mesmo que a aplicação de maneira autocondicionante desses adesivos "multi-modo" será melhor que a utilização de um bom adesivo autocondicionante de 2 passos? E preparem-se, pois com a patente do MDP quebrada, muitos serão os fabricantes que colocarão em seus folders: "Este adesivo possui MDP!". Igual a: "Esta resina possui nanopartículas!". Muito obrigado aos japoneses pela brilhante descoberta de quase 30 anos e por acreditarem na união química do adesivo com esmalte/dentina, não entendida por muitos até hoje.

Adesivos "multi-modo":

- Scotchbond Universal (3M Espe)
- All-Bond Universal (Bisco)
- G-bond Plus (GC)




sexta-feira, 2 de março de 2012

Classe II com resina nanoparticulada - 2 anos de acompanhamento

Caso realizado com resina nanoparticulada Z350 (3M Espe).

                                            Lesão de cárie proximal.

                                         Após preparo tipo "slot vertical" realizado, fez-se o condicionamento ácido do esmalte.

                                         Em seguida o condicionamento da dentina.

                                         Aplicação de adesivo convencional de frasco único.

                                         Confecção de maneira incremental a parede proximal.

                                         Inserção dos incrementos referentes à dentina e esmalte.

                                        Restauração finalizada após polimento.

                                         Restauração após 2 anos da confecção. Notem que há uma preservação anatômica e da integridade marginal com a resina nanoparticulada.